Numa perspectiva criminológica a criança é
considerada uma vítima vulnerável, inocente e indefesa, que não tem condições
de defender-se diante do abuso sexual que sofre por parte dos adultos. Muitas
não conseguem falar sobre o ocorrido, algumas por medo, outras por vergonha, e
ainda outras por sentirem totalmente ignoradas.
Hoje eu quero
apresentar algumas características de uma criança que pode estar sofrendo abuso
sexual como: dificuldade para caminhar ou sentar; falta de controle dos intestinos;
sangramento em meninas que ainda não menstruaram ou no caso de meninos no ânus;
doença venérea; criança reclamando de dor, coceira ou inchação na área genital;
conhecimento de comportamento sexual impróprio para a idade; baixa autoestima;
depressão; gravidez; revelação feita pela criança de que é abusada sexualmente:
ser relutante a não ir para casa; pode falar de segredos; pode dizer que
tem algum segredo que não pode contar. Na criminologia existe uma cifra
negra oculta nesse tipo de crime, isto é, os crimes que não chegam ao
conhecimento das instituições e da justiça. É possível pensar que há nesse tipo
de delito uma estreita relação entre autor-vítima, e o silencio imposto a essas
crianças, constituem os fatores fundamentais nos altos número de casos que
ocorrem e não são conhecidos.
O
segredo do abuso é dado pela manipulação do agressor em fazer a criança
acreditar que é "especial", que a relação entre os dois é
"apenas deles “e que ninguém mais conseguiria entender essa conexão. Outra
maneira do agressor manter o abuso em segredo é devida as constantes ameaças
feita a vítima “se você contar a sua mãe eu vou matá-la ou machucar o seu irmão
...", "se você disser X ... eu não vou comprar mais presentes ou
levá-la para ao shopping ...". Lembre-se que a pessoa que comete o abuso
sexual geralmente é alguém da família (até 70-80% dos casos), as vítimas mais
afetadas são meninas, e frequentemente o abuso ocorre entre 5 e 7 anos de idade
(que não significa que outras faixas etárias também não são vulneráveis).
São poucas
as crianças que conseguem quebrar o silêncio e decidir falar sobre o abuso
sofrido. E quando falam geralmente são crianças em pré-púberes e adolescentes,
que encontraram algumas razões para falar como:
- Teve acesso a informação sobre sexualidade na
escola ou na igreja, e com esse estigma diminuído teve coragem para
discutir sobre a questão.
- Ficou com raiva do agressor e quebrou o silêncio
como uma forma de vingança.
- Foi influenciada por outras meninas (os) que
compartilham a mesma situação
- Estava preocupada com o outro (geralmente
relacionado com o medo de que o abuso sexual seja repetido com um irmão ou
irmã menor)
Em
crianças muito pequenas, a quebra do silêncio é bastante acidental, onde não há
a intenção de desejo concreto da criança para contar o que aconteceu. A
revelação acidental acontece quando o infrator é pego no ato, ou que a criança
apresenta sinais clínicos sugestivos de abuso sexual, como mencionei no parágrafo
acima. Para essas crianças é muito difícil falar sobre isso de uma forma
direta, e o problema acaba sendo revelado de forma acidental. Infelizmente
existem muitos adultos que não acreditam que uma criança está sendo abusada
sexualmente. E quando a criança revela é considerada como mentirosa, e as vezes
precisa fazer uma retratação de sua declaração, e se o ambiente onde vive não é
acolhedor ela passa a ser intimidada por pessoas que deveriam
proteger. Antes de questionar a sua palavra, investigue, preste atenção no
comportamento da sua filha (o) sua neta (o) etc. E não permita que ela ou ele
sofra com mais um tipo de violência, a violência da omissão.
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