24 julho, 2017

Crianças violadas, danos irreparáveis



 Numa perspectiva criminológica a criança é considerada uma vítima vulnerável, inocente e indefesa, que não tem condições de defender-se diante do abuso sexual que sofre por parte dos adultos. Muitas não conseguem falar sobre o ocorrido, algumas por medo, outras por vergonha, e ainda outras por sentirem   totalmente ignoradas.

Hoje eu quero apresentar algumas características de uma criança que pode estar sofrendo abuso sexual como: dificuldade para caminhar ou sentar; falta de controle dos intestinos; sangramento em meninas que ainda não menstruaram ou no caso de meninos no ânus; doença venérea; criança reclamando de dor, coceira ou inchação na área genital; conhecimento de comportamento sexual impróprio para a idade; baixa autoestima; depressão; gravidez; revelação feita pela criança de que é abusada sexualmente: ser relutante a não  ir para casa; pode falar de segredos; pode dizer que tem algum segredo que não pode contar. Na criminologia existe uma cifra negra oculta nesse tipo de crime, isto é, os crimes que não chegam ao conhecimento das instituições e da justiça. É possível pensar que há nesse tipo de delito uma estreita relação entre autor-vítima, e o silencio imposto a essas crianças, constituem os fatores fundamentais nos altos número de casos que ocorrem e não são conhecidos.

    O segredo do abuso é dado pela manipulação do agressor em fazer a criança acreditar que é "especial", que a relação entre os dois é "apenas deles “e que ninguém mais conseguiria entender essa conexão. Outra maneira do agressor manter o abuso em segredo é devida as constantes ameaças feita a vítima “se você contar a sua mãe eu vou matá-la ou machucar o seu irmão ...", "se você disser X ... eu não vou comprar mais presentes ou levá-la para ao shopping ...". Lembre-se que a pessoa que comete o abuso sexual geralmente é alguém da família (até 70-80% dos casos), as vítimas mais afetadas são meninas, e frequentemente o abuso ocorre entre 5 e 7 anos de idade (que não significa que outras faixas etárias também não são vulneráveis).

 São poucas as crianças que conseguem quebrar o silêncio e decidir falar sobre o abuso sofrido. E quando falam geralmente são crianças em pré-púberes e adolescentes, que encontraram algumas razões para falar como:

  • Teve acesso a informação sobre sexualidade na escola ou na igreja, e com esse estigma diminuído teve coragem para discutir sobre a questão.
  • Ficou com raiva do agressor e quebrou o silêncio como uma forma de vingança.
  • Foi influenciada por outras meninas (os) que compartilham a mesma situação
  •  Estava preocupada com o outro (geralmente relacionado com o medo de que o abuso sexual seja repetido com um irmão ou irmã menor)

   Em crianças muito pequenas, a quebra do silêncio é bastante acidental, onde não há a intenção de desejo concreto da criança para contar o que aconteceu. A revelação acidental acontece quando o infrator é pego no ato, ou que a criança apresenta sinais clínicos sugestivos de abuso sexual, como mencionei no parágrafo acima. Para essas crianças é muito difícil falar sobre isso de uma forma direta, e o problema acaba sendo revelado de forma acidental. Infelizmente existem muitos adultos que não acreditam que uma criança está sendo abusada sexualmente. E quando a criança revela é considerada como mentirosa, e as vezes precisa fazer uma retratação de sua declaração, e se o ambiente onde vive não é acolhedor ela passa a ser intimidada por pessoas que deveriam proteger. Antes de questionar a sua palavra, investigue, preste atenção no comportamento da sua filha (o) sua neta (o) etc. E não permita que ela ou ele sofra com mais um tipo de violência, a violência da omissão.  

 

Nenhum comentário:

Postagem anterior

Perfil do serial Killer

    Assassino em série (também conhecido pelo nome em inglês, serial Killers) é um tipo de criminoso de perfil psicopatológico que come...